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Conferência de abertura do XXIV CNPT aborda os aspectos filosóficos do desenvolvimento humano

Unidade, empatia e boa convivência. A conferência de abertura do XXIV Congresso Nacional dos Procuradores do Trabalho (CNPT), conduzida pela filósofa e poetisa Lúcia Helena Galvão, trouxe questões inerentes ao desenvolvimento moral e espiritual do ser humano em busca da união e dos verdadeiros valores que propiciam a evolução individual e coletiva. Segundo ela, o tema é indicado, principalmente, àqueles que trabalham com a garantia de direitos sociais e solução de conflitos, como é o caso dos procuradores do Trabalho.  

Durante a exposição, Lúcia Helena fez provocações filosóficas e gerou reflexões sobre a questão do relacionamento humano como algo enigmático ao longo da história. “Em termos percentuais, cerca de 80% dos nossos problemas estão ligados aos relacionamentos. Muitas vezes não reconhecemos, mas essa gama de problemas geralmente começa conosco, sendo esta a raiz de todos os conflitos”, afirmou.

Segundo a palestrante, saber lidar com as diferenças é um fator essencial não apenas para fortalecer as relações interpessoais, mas para preservar a individualidade de cada um, evitando a “massificação” do indivíduo. “A massificação significa nos tornarmos meio-seres humanos, com meia-vida, em um estado de conflito cada vez mais aguçado. A vida agrega para potencializar. Temos que agir como a natureza, que trabalha através da união. Veja os exemplos dos átomos que se juntam e formam células, ou dos planetas e estrelas que se conjugam para a formação de galáxias”, pontuou.

Para a filósofa, a “harmonia das diferenças” entre as pessoas é algo essencialmente belo, como uma obra de arte ou uma música tocada por vários instrumentos. “Cada ser deve ser o que é, encontrando sua identidade no autoconhecimento. Isso é fundamental para compor o todo. Precisamos de seres conscientes. Eu não acredito em uma sociedade feita por pessoas superficiais”, disse.

Citando filósofos e pensadores consagrados, como Platão, Jung e Cícero, a conferencista apontou o ânimo pelo aprendizado de si próprio como um motivador para o aperfeiçoamento das relações sociais, direcionando sua fala aos procuradores do Trabalho. “Vocês estão comprometidos com os conflitos sociais do país. Poderíamos ter trabalhado a resolução desses conflitos há gerações, de maneira preventiva. Mas atualmente, uma onda de egoísmos e interesse individuais prevalece. Qual solução que cada um de vocês tem a oferecer ao próximo, humanamente? Reflitam a respeito das causas que geram o comportamento humano. Precisamos ir além das aparências, ir mais fundo”, orientou.

Mudança interna – Segundo a conferencista, a solução dos problemas inter-relacionais está intimamente ligada à maturidade emocional e à capacidade de dominar as paixões. Para ela, a busca pela unidade entre as pessoas passa, necessariamente, pela disposição de avaliar o sofrimento como uma experiência válida, que eleve o patamar da consciência humana. “É assim que as provas da vida se justificam, quando eu entendo que as crises levam ao aprendizado. É cruel quando se paga um preço e não há uma mudança interna”, afirmou.

A conferencista elencou o que chamou de “máscaras”, que são as características negativas do comportamento que levam homens e mulheres a desprezarem o seu próximo, colocando-se sempre em primeiro lugar, acima dos demais. Dentre elas estão o egoísmo, a mania de perseguição, a vitimização, a expectativa no outro e a morbidez (vício que leva o indivíduo a sempre ver o lado negativo das coisas). A filósofa coloca o egoísmo como o mais grave de todos os vícios. “Pelo egoísmo vemos apenas os nossos interesses. Imagine que você vai arrancando as máscaras com seus defeitos, uma a uma. Garanto que o egoísmo é a última máscara”, disse, apoiada na tradição tibetana.

Utilizando-se da teoria jungiana, Lúcia Helena deu dicas de como atingir o domínio da consciência sobre os sentimentos negativos: ter contato com seus defeitos e limitações, depois aceita-los, atingindo alto grau de maturidade e, por fim, ­­­dominar a si próprio, atingindo a realização humana.

“A união da humanidade vai acontecer quando entendermos que, em essência, somos um. A unidade que nos aguarda é um mistério, com o qual deveríamos sonhar”, finalizou.

Lúcia Helena Galvão é diretora adjunta da Nova Acrópole Brasil, associação internacional que tem como objetivo o ensino da filosofia e da cultura do voluntariado. Uma das palestrantes mais ativas do país, ela ministra aulas sobre os mais variados temas: ética, sociopolítica, simbologia, história da filosofia, entre outras. Poetisa, produz artigos e crônicas frequentemente publicados pela imprensa de todo o país.

 

 

 

 

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